Law, religion and technology
the new “truth” on patient’s body and the ethical ambivalence of the digital clinical gaze*
Palavras-chave:
Inovação tecnológica, Mitologia grega, Holismo em Medicina, Standardização, Interação Médico-Paciente, Saúde Digital, Olhar clínicoResumo
A introdução de novas tecnologias costuma ser percebida como um vetor para estimular mudanças significativas no status quo, permitindo que os indivíduos operem com mais rapidez e eficiência. A inovação tecnológica passou de representar a resposta a uma ou mais necessidades percebidas, para fazer parte da identidade coletiva das sociedades industrializadas contemporâneas. Assim, ela não pode ser vista apenas como um processo social, pois também evoca um peculiar «estado de espírito», que engloba uma enorme gama de sentimentos positivos que se situam entre a avaliação do presente e as
expectativas do futuro. Este artigo traça brevemente uma história da inovação tecnológica na área da saúde, destacando os vínculos que mantém com a religião e a espiritualidade, por um lado, e com o direito e a normatividade, por outro. Ao fazê-lo, pretende mostrar que a informatização da prática médica e a digitalização dos cuidados de saúde assentam numa “ambivalência ética” sendo que relegam para segundo plano algumas fontes de conhecimento – as ligadas à perceção sensorial do médico e do doente, bem como as que decorrem das dinâmicas relacionais – ao mesmo tempo em que criam novos
saberes resultantes de complexos agenciamentos entre fatores materiais e virtuais que inevitavelmente reconfiguram a prática médica e a mesma epistemologia médica.