Representações iconográficas da mulher desviante

O embruxamento como rede de signos subversivos

Autores

  • Valquiria Barros Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

DOI:

https://doi.org/10.56242/revistaveredas;2024;7;13;46-70%20

Palavras-chave:

Mulher. Embruxamento. Subalternização. Corpo. Identidade.

Resumo

O corpo feminino foi narrado ao longo dos séculos pelos valores morais religiosos no Ocidente como espaço do mal, contribuindo para o delineamento de um imaginário coletivo que associou a mulher ao demoníaco, legitimando a violência até os dias atuais. Nesse contexto, o objetivo deste artigo é identificar, na produção iconográfica difundida nas Idades Média e Moderna, simbolismos que ajuízam o embruxamento como reflexo da demonização do feminino e como ferramenta religiosa de subalternização da imagem da mulher. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, de orientação interpretativa, baseada na Teoria do Imaginário de Gilbert Durand (1997). O corpus de análise é composto por xilogravuras, ilustrações e pinturas que apresentam símbolos discursivos como elementos sígnicos na composição do embruxamento feminino.

Biografia do Autor

Valquiria Barros, Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ

Doutora em Humanidades Culturas e Artes, Unigranrio; Mestre em Educação, Gestão e Difusão de Ciência, IBqM, UFRJ; Mestre em Humanidades Culturas e Artes, Unigranrio; Pós-graduação em Economia, IE, UFRJ; Graduada em Ciências Sociais, ICS, UERJ; Graduada em Comunicação Social, ECO, UFRJ. Participante do Laboratório de Ética em Pesquisa, Comunicação Científica e Sociedade (LECCS), do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis (IBqM), na área de Educação, Gestão e Difusão em Biociências, do Centro de Ciências das Saúde (CCS), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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Publicado

2024-08-22

Como Citar

BARROS, V. Representações iconográficas da mulher desviante: O embruxamento como rede de signos subversivos. VEREDAS - Revista Interdisciplinar de Humanidades, [S. l.], v. 7, n. 13, p. 46-70, 2024. DOI: 10.56242/revistaveredas;2024;7;13;46-70 . Disponível em: //periodicos.unisa.br/index.php/veredas/article/view/586. Acesso em: 31 ago. 2024.