O protagonismo da interdisciplinaridade na desconstrução do conhecimento hegemônico em saúde

O caso das Políticas de Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa (MT/MCA)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.56242/revistaveredas;2023;6;11;41-53%20

Palavras-chave:

Saúde, Cuidado, Conhecimento tradicional

Resumo

Este artigo apresenta uma breve discussão interdisciplinar sobre a revitalização do conhecimento tradicional feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no planejamento de políticas públicas de atenção primária à saúde. As normativas da organização introduziram a perspectiva tradicional como viés para a construção de um conhecimento situado e compartilhado sobre saúde e centrado nas necessidades dos sujeitos e de suas particularidades, em colaboração com o conhecimento cientificamente legitimado. Metodologicamente, as discussões desta proposta fundamentaram-se na análise documental das normativas da OMS à luz da literatura crítica sobre a institucionalização da hegemonia do modelo biomédico de atenção à saúde em detrimento dos saberes tradicionais e complexos não oficiais. Os resultados da investigação apontaram que a cooptação das medicinas tradicionais pelos sistemas nacionais e internacionais de cuidados primários como alternativa à contenção dos agravos à saúde parece estar associada a crescente insatisfação com o modelo biomédico hegemônico e dominante.

Referências

BARROS, J. A. C. Pensando o processo saúde-doença: a que serve o modelo biomédico. Saúde e Sociedade, n. 11, v. 1, p. 67-84, 2002. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902002000100008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/4CrdKWzRTnHdwBhHPtjYGWb/. Acesso em: 25 ago. 2022.

BARROS, N. F.; TOVEY P. O ensino das terapias alternativas e complementares em escolas de enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, Rio Grande do Sul, v. 28, n. 2, p. 2072014, 2007. Disponível em: http://www.seer.ufrgs.br/index.php/RevistaGauchadeEnfermagem/article/view/3165/1736. Acesso em: 22 ago. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares: atitude de ampliação de acesso. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_praticas_integrativas_complementares_2ed.pdf. Acesso em: 22 ago. 2022.

CAMARGO Jr., K. R. As Armadilhas da “Concepção Positiva de Saúde”. PHYSIS: Revista Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, n. 76, v. 1, p. 63-76, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/physis/a/5Yb88YjJWYqddy9ZF5QCF8q/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 25 ago. 2022.

FERLA, A. A.; OLIVEIRA, P. T. R.; LEMOS, F. C. S. Medicina e hospital. Fractal: Revista de Psicologia, v. 23, p. 487-500, 2011. Disponível em: http://repositorio.ufpa.br/jspui/handle/2011/8791. Acesso em: 25 ago. 2022.

FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. Rio de Janeiro: Forense universitária, 1963.

GAINES, A.; DAVIS-FLOYD, R. Biomedicine. In: EMBER, C.; EMBER, M. (eds.). Encyclopedia of Medical Anthropology: health and illness in the World’s Cultures. Kluwer Academic; Plenum Publishers, p. 95-109, 2004. Disponível em: http://www.davis-floyd.com/wp-content/uploads/2016/11/GAINES16ss.pdf Acesso em: 25 ago. 2022.

GONÇALVES, R. B. M. O saber como tecnologia na produção de serviços de saúde: a epidemiologia e a clínica. In: TECNOLOGIA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL DAS PRÁTICAS DE SAÚDE. São Paulo: Hucitec; ABRASCO, 1994.

JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e a patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

KLEINMAN, K. Concepts and a model for the comparison of medical systems as cultural systems. Social Science Medicine, n. 2B, v. 12, p. 85-93, 1978. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/358402/. Acesso em: 22 ago. 2022.

KRIPPENDORFF, K. Reliability in content analysis some common misconceptions and recommendations. Human Communication Research, v. 30, n. 3, p. 411-433, Jul. 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1468-2958.2004.tb00738.x. Disponível em: https://academic.oup.com/hcr/article-abstract/30/3/411/4331534?redirectedFrom=fulltext. Acesso em: 15 nov. 2022.

LANGDON, E. J. A importância da narrativa na construção social da doença. Etnográfica, v. 5, n. 2, p. 241-260, 2001. DOI: https://doi.org/10.4000/etnografica.2813. Disponível em: http://ceas.iscte.pt/etnografica/docs/vol_05/N2/Vol_v_N2_241-260.pdf. Acesso em: 22 ago. 2022.

LANGDON, E. J. A doença como experiência: a construção da doença e seu desafio para a prática médica. In: BARUZZI, R.; JUNQUEIRA, C. (orgs.). Parque Indígena do Xingu: Saúde, Cultura e História. São Paulo: UNIFESP; Terra Virgem, 2005. p. 115-134. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/LTydTDcRy9FK3b68mvshPdy/?lang=pt. Acesso em: 22 ago. 2022.

LUZ, M. T. Especificidade das contribuições dos saberes e práticas das ciências sociais e humanas para a saúde. Saúde e Sociedade, n. 20, v. 1, p. 22-31, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-12902011000100004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/sausoc/a/8fjxhTsYWmVDpd37HBzXwMq/abstract/?lang=pt. Acesso em: 22 ago. 2022.

LUZ, M. T. Natural, racional, social: razão médica e racionalidade científica moderna. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

LUZ, M. T. Novos Saberes e Práticas em Saúde Coletiva. São Paulo: Hucitec, 2003.

LYOTARD, J. F. A condição pós-moderna. Lisboa: Gradiva, 2003.

MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec, 2006.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Estratégia de Medicina Tradicional da OMS (2014 – 2023). China: World Health Organization, 2013. Disponível em: https://apps.who.int/iris/handle/10665/95008 Acesso em: 23 ago. 2022.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Políticas de Saúde. Projeto Promoção da Saúde. As cartas da promoção da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. (Série B: Textos Básicos em Saúde). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartas_promocao.pdf. Acesso em: 22 ago. 2022.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p.118-142.

SANTOS, B. S. Um discurso sobre as ciências. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2008.

SANTOS, B. S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Novos estudos. CEBRAP, n. 79, nov., 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/j/nec/a/ytPjkXXYbTRxnJ7THFDBrgc/?lang=pt. Acesso em: 14 out. 2022.

SANTOS, B. S. Ciência e senso comum. In: SANTOS, B. S. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989. p. 31-45.

SAUPE et al. Competência dos profissionais da saúde para o trabalho interdisciplinar. Botucatu: Interface, n. 9, v. 18, p. 521-36, 2005.

SCHEPER-HUGHES, N.; LOCK, M. M. The mindful body: a prolegomenon to future work in medical anthropology. Medical Anthropology Quarterly, n. 1, v. 1, p. 6-41, 1987. Disponível em: https://doi.org/10.1525/maq.1987.1.1.02a00020. Acesso em: 22 ago. 2022.

SHIVA, V; MIES, M. Ecofeminimo. Lisboa: Instituto Piaget, 1993.

TRADITIONAL MEDICINE STRATEGY 2002 – 2005. [s.l.]: World Health Organzation, [s.d.]. Disponível em: http://www.wpro.who.int/health_technology/book_who_traditional_medicine _strategy_2002_2005.pdf. Acesso em: 23 maio 2016.

ZAOUAL, H. THIOLLENT, M. Globalização e diversidade cultural. São Paulo: Cortez, 2003.

Downloads

Publicado

2023-06-29

Como Citar

BARROS, V. O protagonismo da interdisciplinaridade na desconstrução do conhecimento hegemônico em saúde: O caso das Políticas de Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa (MT/MCA). VEREDAS - Revista Interdisciplinar de Humanidades, [S. l.], v. 6, n. 11, p. 41-53, 2023. DOI: 10.56242/revistaveredas;2023;6;11;41-53 . Disponível em: //periodicos.unisa.br/index.php/veredas/article/view/467. Acesso em: 12 maio. 2024.