Discurso da Assembleia de Deus no Brasil nas eleições de 2018–2022
análise semiótica
Palavras-chave:
Igreja protestante , Discurso político, Análise de conteúdoResumo
No Brasil, logo após a chegada dos missionários, em 1910, a denominação cristã Assembleia de Deus cresceu e se expandiu significativamente em nossa sociedade (CORREA, 2020a). Em 2018, essa denominação se engajou na campanha eleitoral do candidato Jair Bolsonaro, apoiando sua candidatura ao maior cargo político brasileiro, o de presidente da República. A justificativa desta temática se deu pelo fato de a Assembleia de Deus possuir mais de 12 milhões de membros, de acordo com o censo (IBGE, 2012). Além disso, ela é a instituição que mais possui representantes na bancada evangélica do Congresso Nacional Brasileiro, composta em 2018 (DIAP, 2018). Para a realização deste estudo, propomos o seguinte problema de pesquisa: de que modo se caracteriza o discurso político-partidário na fala de pastores da Assembleia de Deus no Brasil, nas eleições de 2018 e 2022? Como hipótese, propomos que as propostas políticas de candidatos da Igreja ou ligados a ela recebem o revestimento de sagrado no templo, com o sentido de direcionar o voto dos fiéis. Por essa razão, como objetivo geral, a partir dos discursos dos pastores da Assembleia de Deus sobre os candidatos aos cargos eleitorais, propomos verificar as marcas discursivas na perspectiva da semiótica francesa. Temos como objetivos específicos, a saber: (i) contextualizar a origem, implantação, desenvolvimento, o discurso fundante e o discurso político-partidário da Assembleia de Deus no Brasil adotado a partir da gestão do pastor José Wellington Bezerra da Costa, na década de 1980; (ii) conceituar os discursos político e o religioso a partir da semiótica discursiva; e (iii) analisar o plano de conteúdo tripartido em níveis narrativo, discursivo e fundamental da semiótica francesa de discursos político-partidários da Assembleia de Deus nas eleições de 2018 e 2022. Para tanto, a metodologia utilizada neste estudo é a teórico descritiva, como prevê a semiótica discursiva. O arcabouço teórico que sustenta esta pesquisa parte de um olhar interdisciplinar composto por estudos de Ciências da Religião realizados por Alencar (2000, 2019), Correa (2020a, 2020b) e Soares (2021), e da semiótica de linha francesa. Manteremos, porém, como suporte teórico principal, a semiótica discursiva de Barros (2002), Fiorin (2016a, 2016b), Greimas (2014) e Greimas e Courtés (2020). O corpus selecionado para este estudo é composto por cinco recortes de sermões dos pastores José Wellington Bezerra da Costa e José Wellington Costa Junior, líderes da Assembleia de Deus no Brasil, extraídos da plataforma YouTube. O parecer dos efeitos de sentido dos sermões analisados demonstra que o discurso da Assembleia de Deus é religioso, embora se proponha a discutir temas relacionados ao campo político.
Referências
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