Interdisciplinaridade e Saúde Mental na Educação de Jovens e Adultos: análise das políticas públicas e sua efetividade no âmbito do governo paulista
Resumo
A pesquisa parte do seguinte problema: como a saúde mental é tratada nas políticas educacionais para essa modalidade e em que medida essa abordagem se dá sob uma perspectiva interdisciplinar? Justifica-se o estudo pela necessidade de compreender o papel institucional da escola no acolhimento e cuidado com o bem-estar psíquico dos estudantes, especialmente em uma modalidade que atende sujeitos em situação de vulnerabilidade. A pesquisa objetiva: contextualizar a relação da Educação de Jovens e Adultos enquanto modalidade de vulnerabilidade social; levantar políticas e programas desta modalidade que apontem a relação da interdisciplinaridade com a saúde mental; propor a reflexão de novas políticas e práticas educacionais com princípios interdisciplinares e intersetoriais para a saúde mental na EJA. O método adotado é qualitativo, com enfoque na análise documental. A metodologia envolve a coleta e análise de conteúdo de documentos públicos, legislações, programas implementados. Como principais referenciais teóricos, utilizam-se Morin (2000) sobre interdisciplinaridade, Codo (2006) sobre saúde mental e educação, e as Diretrizes Curriculares da EJA (Brasil, 2000). Os resultados indicam que, embora haja menções pontuais ao tema, faltam diretrizes claras que articulem saúde mental de forma integrada às práticas pedagógicas. Conclui-se que a interdisciplinaridade é um caminho necessário, mas ainda pouco estruturado nos documentos analisados.
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