Leishmaniose tegumentar americana: perfil epidemiológico no estado de São Paulo

Resumo

OBJETIVO: Avaliar o perfil epidemiológico dos casos notificados de leishmaniose tegumentar no estado de São Paulo. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico retrospectivo observacional a partir de dados disponíveis no Tabnet/DATASUS correspondentes às variáveis “gênero”, “raça”, “forma clínica”, “zona de residência” e “classificação epidemiológica” nos anos 2017 a 2021 no estado de São Paulo. RESULTADOS: Foram notificados 1574 casos no estado de São Paulo, sendo que 65,9% foram em homens e 34,1% em mulheres. Observou-se que em 72% ocorreram em pessoas que viviam na zona urbana. Em relação à raça, 63,4% eram brancos, 23,1% pardos e 7,2% pretos. A forma clínica cutânea foi a mais prevalente (83,9%) frente à mucosa (16,1%), sendo que esses valores são próximos em todos os anos estudados. O campo classificação epidemiológica, que contempla informações sobre o caso ser autóctone ou importado, não foi preenchido em nenhum dos anos estudados. CONCLUSÕES: Os dados obtidos no estudo evidenciaram um aumento importante de casos de leishmaniose em zonas urbanas, ou seja, locais com menor cobertura vegetal, demonstrando uma mudança do ciclo do vetor Lutzomyia longipalpis. Também foi possível observar alguns problemas no preenchimento da ficha de notificação, com isso a população pode sofrer o impacto da ausência de implementação de políticas públicas adequadas voltadas para o combate do parasito.

DESCRITORES: Leishmania spp, Leishmaniose tegumentar, Epidemiologia, São Paulo.

Abstract

OBJECTIVE: To evaluate the epidemiological profile of reported cases of cutaneous leishmaniasis in the state of São Paulo. METHODOLOGY: This is a retrospective observational epidemiological study based on data available from Tabnet/DATASUS corresponding to the variables “gender,” “race,” “clinical form,” “residential zone”, and “epidemiological classification” for the years 2017 to 2021 in the state of São Paulo. RESULTS: A total of 1,574 cases were reported in the state of São Paulo, with 65.9% in men and 34.1% in women. It was observed that 72% of cases occurred in individuals living in urban areas. Regarding race, 63.4% were white, 23.1% mixed-race, and 7.2% black. The cutaneous clinical form was the most prevalent (83.9%) compared to the mucosal form (16.1%), with these proportions being consistent across all the years studied. The “epidemiological classification” field, which provides information on whether the case was autochthonous or imported, was not filled in any of the years studied. CONCLUSION: The data obtained in this study revealed a significant increase in cases of leishmaniasis in urban areas, i.e., locations with less vegetation coverage, indicating a change in the arthropod's life cycle. Significant issues in completing compulsory notification records were also observed, which could result in failures in the implementation of adequate public policies.

KEYWORDS: Cutaneous leishmaniasis, Epidemiology, São Paulo.