Perspectivas e expectativas do uso da inteligência artificial como ferramenta de trabalho para residentes farmacêuticos na farmácia clínica: estudo transversal

Resumo

OBJETIVO: Analisar as perspectivas e expectativas dos residentes farmacêuticos quanto ao uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta de trabalho, identificando fatores que influenciam sua aceitação e disposição para adotá-la na prática profissional. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo e transversal com 39 residentes farmacêuticos brasileiros matriculados em programas multiprofissionais de 2024. Foram aplicados questionários on-line, que avaliaram conhecimentos, experiências, expectativas, desafios éticos e barreiras à implementação da IA. A análise foi baseada na frequência relativa das respostas. RESULTADOS: Dos participantes, 74,4% eram mulheres, refletindo a feminização da área da saúde, e 71,8% nunca haviam utilizado IA na prática. Em relação ao conhecimento, 51,3% declararam nível médio, enquanto 46,2% relataram conhecimento limitado. A maioria demonstrou expectativas positivas, considerando que a IA pode otimizar rotinas e melhorar a análise de dados. Entretanto, barreiras significativas incluíram altos custos (56,4%) e resistência à mudança (51,3%). CONCLUSÕES: A IA tem grande potencial para transformar a prática farmacêutica, elevando a segurança e qualidade do atendimento. No entanto, sua implementação requer capacitação contínua, superação de barreiras culturais e financeiras, além de uma cultura organizacional que valorize tanto a tecnologia quanto o julgamento crítico dos profissionais.
DESCRITORES: Inteligência artificial; Farmácia clínica; Tecnologia farmacêutica.

Abstract

OBJECTIVE: To analyze the perspectives and expectations of pharmacy residents regarding the use of artificial intelligence (AI) as a work tool, identifying factors influencing their acceptance and willingness to adopt this technology in professional practice. METHODS: This descriptive cross-sectional study included 39 pharmacy residents enrolled in multiprofessional programs in Brazil in 2024. Online questionnaires assessed their knowledge, experiences, expectations, ethical challenges, and barriers to AI implementation. Responses were analyzed for relative frequency. RESULTS: Among the participants, 74.4% were women, reflecting the feminization trend in healthcare, and 71.8% had never used AI in practice. Regarding knowledge, 51.3% reported a medium level, while 46.2% indicated limited knowledge. Most participants expressed positive expectations, highlighting AI’s potential to optimize workflows and enhance data analysis. However, significant barriers included high costs (56.4%) and resistance to change (51.3%). CONCLUSION: AI has significant potential to transform pharmaceutical practice, improving safety and quality of care. However, its implementation requires continuous professional training, overcoming cultural and institutional barriers, and fostering an organizational culture that values both technology and the critical judgment of professionals.
KEYWORDS: Artificial intelligence; Clinical pharmacy; Pharmaceutical technology.